Envolvente, arrasador e frenético. Essas três palavras descrevem muito bem o romance de estreia de Jay Asher. Se passando em 24 horas, acompanhamos o jovem enlutado Clay Jensen buscando respostas da morte de sua paixão na escola Hannah Baker, que deixou pistas após cometer suicídio. Não é à toa que a Netflix escolheu esse livro como base para sua nova série original…
Enredo
A vida de Clay Jensen não podia estar mais infeliz: além de ter presenciado um acidente de transito que acabou em uma fatalidade, ele ainda recebe a notícia que Hannah Baker, a garota por quem havia se apaixonado, havia acabado de cometer suicídio. Mas o pior ainda estava por vir. Ao voltar da escola, Clay recebe pelo correio uma misteriosa caixa de sapato, contendo sete fitas cassetes, onde cada lado das fitas é enumerado do 1 ao 13. Ao colocar a primeira fita para tocar, ele escuta uma voz que jamais pensaria ouvir novamente: Hannah.
Antes de tirar sua própria vida, Hannah quis deixar registrado os motivos que a levaram a querer desistir de viver. Esses 13 motivos estão ligados a 13 pessoas e vários acontecimentos em cadeia que levaram a menina ao fundo do posso. Mas ela não ia partir sem deixar que cada pessoa soubesse exatamente de sua culpa nessa história toda. Hannah monta um esquema simples, mais letal: ouça as fitas e repasse para a pessoa seguinte, ou toda a história vai a público, podendo encrencar com a vida de todas as pessoas envolvidas. E Clay também está envolvido nesse caos todo e precisa ouvir as fitas para saber o porquê.
Narrativa
Todo o livro é narrado em primeira pessoa, com Clay e Hannah se alternando na narrativa. As falas de Hannah estão em itálico e são pontuadas no livro com os sinais dos botões de um gravador, como play, pause e stop.
Destaque
Jay Asher soube trabalhar muito bem o suspense no enredo. Até saber o que realmente aconteceu com Hannah, não dá para largar o livro! No final, ainda há uma entrevista com o autor, que é muito interessante, vale a pena ler essa parte, principalmente se você deseja colocar sua história no papel um dia.
Minha opinião
“Os 13 Porquês” é frenético do começo ao fim. A melhor maneira de começar uma história é intrigar o leitor e Jay Asher faz isso brilhantemente. Quando Clay recebe a caixa com as fitas, coloca a primeira para tocar e ouve a voz de Hannah, é quando o caos começa. Cada vez que vai ouvindo as fitas, sua aflição aumenta para saber o que levou sua amada Hannah a tirar sua própria vida e o leitor embarca junto nessa aflição. Além das fitas, Clay recebe um mapa da cidade deixado premeditadamente por Hannah em seu armário antes de se matar, onde marcou lugares relevantes na sua trajetória sofrida, portanto, Clay não fica parado só escutando as fitas o tempo todo. Ele se desloca por vários pontos da cidade, recriando os passos de Hannah e confrontando as outras pessoas envolvidas na trama.
Hannah Baker não tirou sua vida por acaso. Enquanto “escutamos” sua história com Clay, vemos como a mente da garota foi ficando mais angustiada com o tempo. É impossível não criar empatia com a garota, pois o que Hannah passou pode ou aconteceu com qualquer um de nós na época da escola. Uma garota bonita, nova cidade, que não conhece ninguém na nova escola. Claro que chama atenção, principalmente dos garotos. Dos garotos babacas e assanhados, então nem se fala. Tudo começa com Justin Foley, o primeiro garoto que Hannah beijou na vida. Como um beijinho só não satisfaz a curiosidade da rapaziada, claro que o idiota aumentou a história toda. Em pouco tempo, Hannah ficou com “reputação”, sendo que nunca havia feito nada além de um simples beijo. Além de Justin, outras 12 pessoas foram responsáveis por fazer a vida de Hannah virar um inferno. Ele não só premedita a própria morte, como arma um plano para fazer todas essas pessoas jamais esquecerem o que fizeram. Ela grava sete vidas cassetes, em cada lado de uma fita, ela fala diretamente com a pessoa, explicando o motivo de tal indivíduo está envolvido na história. A regra é clara: a pessoa deve escutar todas as fitas na ordem (cada lado é numerado de 1 a 13) e passar as fitas para a pessoa seguinte. Caso não cumpram a regra, uma cópia das fitas será divulgada publicamente por uma pessoa que está vigiando de perto todos os envolvidos. E na narrativa de Hannah, essas pessoas não prejudicaram apenas ela…
De alguma forma, Clay está envolvido nessa história louca e não sabe o porquê. Ele era apaixonado por Hannah e chegou a ficar com ela, mesmo sabendo se sua “reputação”. Ao ouvir as fitas, descobre que tudo que ouvira falar da garota era mentira e sente culpado por nunca ter realmente perguntado se os boatos eram verdadeiros e que deveria ter percebido que algo estava errado com Hannah. Quando mais avança no áudio das fitas e anda pelos lugares que Hannah indica no mapa, Clay fica mais angustiado e obcecado para saber de toda a verdade. E isso tudo se passe em 24 horas, o leitor acompanha bem de perto o turbilhão de emoções que Clay e Hannah sentem. Sem falar que a medida que a narração das fitas avança, descobrimos que o buraco é bem mais embaixo. Hannah não só revela a perseguição que sofria na escola como revela algo muito mais grave, onde boa parte das pessoas das fitas estão envolvidas direta ou indiretamente…
Na primeira vez que li “Os 13 Porquês”, terminei todo o livro em único dia. Além de ser bem curto, com apenas 256 páginas, a trama criada por Jay Asher é muito envolvente, seus personagens são carismáticos, que desperta muito a empatia do leitor, principalmente Hannah, que poderia se encaixar com a vida de muitas garotas na época da escola, principalmente na época do ensino médio. Por motivos que nunca vamos conseguir compreender, algumas pessoas na época da escola escolhem implicar com você sem razão alguma. Nunca fez nada para a pessoa, mas ela quer transformar sua vida em um inferno apenas por diversão. Pessoas covardes e vazias. O bullying é muito mais sério do que parece, muitos jovens como Hannah tiram suas vidas por não aguentarem serem alvo de tanto ódio irracional de outras pessoas sem motivo algum. Por isso, uma lição que esse livro deixa é que se você quer conhecer alguém de verdade, mais de verdade mesmo, se aproxime, converse com essa pessoa, jamais se deixe levar por boatos sem provas ou fundamento. Nunca saia julgando alguém se baseando no que outras dizem, você não sabe realmente o que essa pessoa está passando ou sentindo. É triste ver Clay chegando à conclusão que o aconteceu com Hannah poderia ter sido evitado se tivesse dialogado mais com ela ou se as outras pessoas da história não fossem tão egoístas e inconsequentes.
Por um lado, há quem defenda que Hannah era uma pessoa fraca e dramática, incapaz de levar na esportiva uma brincadeira de adolescente. O problema é que não terminou apenas numa brincadeira. Dizer que Hannah foi fraca é completa falta de empatia ou nunca sofreu perseguição no colégio. Para quem é mulher então, a escola pode ter sido uma tremenda selva. É uma época que os jovens se tornam os seres mais maliciosos do planeta, que se importam apenas com o próprio ego e são capazes de criar histórias horríveis sem provas sobre alguém só para ter seus 15 minutos de fama. Garotos cheios de testosterona e exalando machismo espalhando para todo mundo que transou com a garota mais bonita da escola quando na verdade foi só um selinho ou quando nem foi isso e com raiva por ter sido rejeitado, diz que a menina é uma vagabunda que dá para qualquer um. Garotas desesperadas para arrumar um namorado bonitão que pouco ligam para o caráter do cara, ele pode ser um tremendo babaca mais se tem uma outra garota no meio, então essa menina é uma vadia e toda o colégio a vizinhança precisam saber disso, mesmo sem prova alguma. Ser alvo de tudo é isso é duro e angustiante demais. Há quem saiba que boatos não nos definem e quem acredita rumores e não nos fatos é um idiota que não merece nem chegar perto. Mas há pessoas como Hannah que não conseguem aguentar o tranco. Medo, exposição, reputação, isso pesa demais para alguém tão jovem e sem discernimento do certo e do errado.
É por ter tantas Hannah por aí que a Editora Ática colocou esse livro em seu catálogo. Jay Asher não só ilustra muito bem como também expõe uma questão que acontece em todas as pessoas do planeta e o por que qualquer jovem passa nesse período da vida. Bullying e Suicídio. Temas polêmicos, mas muito necessários para serem debatidos, tanto em salas de aula quanto na vida mesmo. Esse livro foi uma parente minha que é professora que me emprestou, querendo saber minha opinião sobre usar esse livro como paradidático em sala de aula. É uma ótima escolha sim, então se algum professor tiver lendo essa resenha, procure mostrar esse livro a seus alunos. Como a Ática é uma editora voltada para livros didáticos e paradidáticos, “Os 13 Porquês” tem um preço bem salgado pelas poucas páginas e pela edição simples, embora bem-feita. Mesmo em outras livrarias, esse livro está com um preço bem elevado. Mas como a Netflix está prestes a lançar uma série inspirada nesse livro, é bem provável que veremos “Os 13 Porquês” venderem a rodo nas lojas.
Eu adorei a história e estou com bastante expectativas em relação a série que a Netflix fez se baseando no livro.
Pelo trailer, já dá para ver que alguns pontos que não são do livro, mas enfim, é um outro tipo de linguagem. Não dá para colocar tudo o que acontece no livro impresso nas imagens de um filme. Mas pelo menos, espero que a série esteja à altura do livro, apresentando uma ótima trama repleta de suspense e que não seja maçante, por favor!!
Sinopse Oficial
Ao voltar da escola, Clay Jensen recebe um pacote com fitas cassetes narradas por uma colega, nas quais ela conta por que cometeu suicídio. Ele precisa ouvir tudo para descobrir como contribuiu para esse trágico acontecimento.
Ficha Oficial
Editora: Ática
ISBN: 9788508126651
Edição: 1
Altura: 21.0 cm
Largura: 14.0 cm
Peso: 0.29 kg
N° de Páginas: 256
Temas: suicídio, violência, amizade, bullying, preconceito
Cara tenho uma curiosidade danada de ler esse livro, adorei a resenha, com toda certeza vai para a minha lista.
Bota esse livro em primeiro lugar, é incrível!
Amei a resenha, Tainá! To louca pra ler esse livro e você só me deixou mais curiosa!
É ótimo, Bia!!! Pode ler sem medo!
EU PRECISO LER PRA ONTEEEEEMMMM. AMEI!!!