Resenha “Harry Potter e a Criança Amaldiçoada”, de J.K. Rowling

Em parceria com Jack Throne e John Tiffany

Enredo

A história começa exatamente onde terminou Harry Potter e as Relíquias da Morte: com a família Potter levando seus filhos para a plataforma 9 ¾, na Estação King Cross, onde vão pegar a maria fumaça em direção a gloriosa Hogwarts (sim, assim como eu, você sentiu aquela pontada de inveja). Alvo Severo Potter, segundo filho de Harry e Gina, vai começar o seu primeiro ano na escola de magia e bruxaria mais badalada do mundo e está cheio de expectativas. É aí que a beleza do final do sétimo livro acaba. Alvo tem que lidar com a pressão de ser o filho do Menino Que Sobreviveu e derrotou o temível vilão Voldemort, dando paz ao mundo bruxo. O que para a maioria dos jovens é um motivo de orgulho ter um pai herói, para Alvo é um peso. Ele tem que lidar com a multidão de pessoas exaltando os feitos de seu pai, com todos perguntando como é ser filho do Harry Potter e com a expectativa das pessoas esperando grandes coisas vindas dele, devido ao pai que tem, em uma espécie de reputação a zelar. Todos querem ser seus amigos, todos querem andar junto com ele, todos esperam que ele faça grandes coisas como um Potter. Ou é essa a impressão que tem.

Isso o deixa muito revoltado, o que faz tomar a atitude de ser oposto que seu pai foi. Para começar a contrariar todas as expectativas nele, Alvo faz amizade com a pessoa mais improvável com um Potter se aproximaria: Escórpio Malfoy, filho de Draco Malfoy, antigo rival de seu pai em Hogwarts. Escórpio também sofre com o peso das escolhas de seu pai no passado: mesmo sendo um garoto gentil e amável, as pessoas o excluem e sentem aversão por ele, não somente por ser filho de quem é, mas sobre um sombrio boato sobre seu nascimento. Alvo não se importa com nada disse e junto ao seu novo amigo, busca provas de mostrar para todos que Harry Potter não é um herói tão incrível assim.

Narrativa

O livro todo nada mais é do que o roteiro da peça, logo, temos muito mais diálogos e descrições objetivas de um cenário, mas sem ter aquela ambientação tão fantástica que fazia a gente se sentir como se estivesse embarcando no Expresso Hogwarts. Como é focado nas falas, temos bastante diálogos com altas doses de drama, as vezes ficando um pouco exagerado e não verossímil

Destaque

Não tem muita coisa a destacar, apenas um personagem: Draco Malfoy. Já explico.

Minha opinião

A história é mais focada em Alvo Severo Potter, que mal chega em Hogwarts e já se sente pressionado pelo fato de ser filho de Harry Potter, o salvador do mundo bruxo. As pessoas esperam grandes coisas vindas dele. Todos querem ser seus amigos. Todos querem andar com ele. Todos querem saber como é ser o filho de Harry Potter. Para Alvo, isso tudo é um inferno, o deixando com um grande ressentimento contra seu próprio pai. Logo, sua primeira decisão é ir de contra tudo que seja relacionado a Harry Potter e o primeiro passo para isso é fazer amizade com alguém que um Potter jamais em sã coincidência chegaria perto: um Malfoy. No caso, Escórpio Malfoy, filho de Draco, que não nenhuma sombra de personalidade de seu pai. O garoto é amigável, engraçado, inteligente e gentil, mas devido ao sobrenome que carrega, as pessoas têm total desprezo por ele. E ainda por cima, um estranho boato envolvendo Escórpio Malfoy corre solto pelas más línguas dos bruxos: o garoto pode ser filho de Lord Voldermort! (Antes de chiar: essa informação está nas primeiras páginas dos livros, você descobre a bomba em uma ligeira folheada no livro).

Vemos a partir daí uma inversão de valores: os nomes Potter e Granger-Wesley reconhecidos como heróis do mundo bruxo e o nome dos Malfoy jogado na lama, nada mais do que justo pelos crimes que cometeram no passado. A fama dos pais procede os filhos e é um fardo pesado para ombros tão jovens, como Alvo. Já seus irmãos, Tiago e Lilíam, levam o fato de serem filhos de quem são numa boa, tanto, que os dois tem pouco relevância no enredo do livro, fora algumas cenas cômicas no livro envolvendo o irmão Potter mais velho. O que é uma pena, pois deixa a trama centralizada demais em poucos personagens.

Basicamente, temos dois pontos de vista na história, um jovem e outro adulto: Alvo e Escórpio; Harry, Gina e Draco. O famoso conflito de gerações. E o típico clichê do rebelde sem causa. Até certo ponto, é compreensível a revolta de Alvo em relação a fama de seu pai, afinal, é chato em plena adolescência, quando lutamos tanto para formar uma imagem e ter que lidar com a comparação diária com os pais. Tipo ser filho de um médico cirurgião com uma juíza, as pessoas esperam que você SEJA alguma coisa. Até aí, tudo bem. Mas a rebeldia de Alvo é intragável. Se Harry em sete livros já irritada nas muitas vezes que ele agia com impulsividade e teimosia, Alvo então exagera na imprudência e na birra. E Harry nem é um pai ausente, ele tenta se aproximar do filho, que uma barreira de rebeldia e ressentimento que deixa o pai sem saber direito o que fazer. Até porque, por mais que Sirus Black, Hagrid e Alvo Dumbledor tenham sido uma espécie de figuras paternas para ele, Harry nunca conviveu com seu pai, então ele sabe exatamente como agir como um. Mas não é culpa dele, ele se esforça! Agora Alvo não faz o menor esforço para compreender seu pai…

Praticamente culpa o pai por tudo o que dá errado na vida dele (quero realmente entender o que é tão errado na vida de uma criança criada por pai e mãe e vivendo do bom e do melhor) e chega ao absurdo de desejar jamais tem tido um pai, enquanto o seu próprio viveu uma infância horrível, órfão, maltratado pelos tios e passou por vários perigos mortais para chegar aonde chegou para ter um filho rebelde reclamando de barriga cheia. Resumindo, o objetivo de Alvo Severo Potter no livro é desmascarar o herói Harry Potter diante do mundo mágico, provando que o pai não é tão incrível assim, que muitas pessoas se sacrificaram para protege-lo. Jura, Alvo? Sete ótimos livros mostrando que Harry não teve nenhuma vida mansa e que grandes personagens perderam a vida para derrotar Voldermort e você aí, moleque, fazendo birra para aparecer. Fácil demais reclamar de barriga cheia, em um mundo em paz.

Alvo tem atitudes que chegam a ser infantis. Ele prefere se isolar de todos em Hogwarts, não faz o menor esforço para se enturmar com outras pessoas e muito menos para se dar bem nas matérias para a escola. Detesta o fato de Hogwarts ter sido um lugar especial para seu pai. Como personagem principal, Alvo deixou muito a desejar. Sua motivação é fútil e sua personalidade é pura rebeldia e grosseria. Por outro lado, Escórpio Malfoy é oposto do que seu melhor amigo é: é inteligente, se dá bem nas matérias escolares e tenta muito se enturmar, mas esse sim pena sob a má fama de seu pai: todos o desprezam e o tratam mal, mesmo o garoto sendo se mostrando gentil, tadinho. Apesar de maltratado, ser vítima de um boato malicioso e ainda de ter uma mãe doente, Escórpio leva a vida com otimismo, sempre contornando os momentos difíceis sorrindo e contando piadas. E sendo muito mais maduro do que Alvo. Ele seria como uma mistura de Rony e Hermione para Alvo, mesmo assim, não consegue frear a teimosia do amigo. Rosa Wesley, que a princípio era para ser uma amiga que dá conselhos e bronca como foi sua mãe, falha miseravelmente com Alvo. Aliás, seu desprezo por Escórpio e sempre estar lembrando da reputação vinda de seus pais, lhe fez uma personagem metida e arrogante. Ela quase não aparece muito na história também.

Como a história foi criada para ser uma peça de teatro e não um romance fantástico, o enredo ficou simplório e com muitos diálogos, as falas são mais dramáticas, mas sem profundidade, ficou com aquele ar de fanfic. O enredo tem pontos interessantes, como viagens no tempo, realidades paralelas, o retorno de alguns personagens consagrados da série que deixaram muita saudade. Mas acho que a forma de roteiro não foi o bastante para contar essa história, ficou com pouca profundidade e pontas soltas. Se fosse realmente uma narrativa, como as dos outros livros, ficaria bem melhor a história e talvez Alvo fosse retratado de uma forma melhor. Enfim, não se pode ter tudo.

Gostei muito de ver Harry e Gina serem um casal companheiro, que contam um com o outro e sempre se apoiam. Rony, que trabalha na Gemialidades Wesley, mostra mais o seu lado cômico e brincalhão, mais ou menos como seus irmãos Fred e Jorge eram. Eu confesso que eu mais gostei foi o cargo que Hermione ocupa no Ministério da Magia. Não vou dizer aqui qual, mas quando vocês lerem, quem é fã da personagem, vai ficar muito feliz por ela ter chegado a onde chegou. Como a Hermione é minha personagem preferida, eu fiquei muito feliz ver ela tão poderosa assim! Mas quem me surpreendeu mesmo foi Draco Malfoy, personagem que encontra sua redenção nesse livro por as coisas ruins que ele fez no passado. Por ter de filiado a Voldermort, o nome Malfoy está completamente na lama. Draco virou um homem amargurado, ciente de todo o mal que fez, mas que encontra refúgio em sua família. Infelizmente, sua esposa, Astoria fica muito doente, o que o faz cuidar dela, se afastando um pouco de seu filho. Draco ama demais seu filho Escórpio, mas como ele tem uma personalidade bem diferente da sua, ele não sabe como se aproximar muito de seu filho, assim como Harry e Alvo. Draco fica furioso com os boatos sobre seu filho e entre muito em conflito com Harry, exigindo que ele acabe de vez com esses boatos falsos sobre Escórpio. Um momento muito bonito do livro é quando Draco admite que não foi uma boa pessoa, mas que seu filho Escórpio foi a melhor coisa que ele fez. Boa, Draco.

No geral e NA MINHA OPINIÃO, Harry Potter e a Criança Amaldiçoada teve mais erros do que acertos, mas no geral, é uma boa história. Mas não dá para se igualar a qualidade da série original. Como sou fã desde criança da série, eu esperava mais, mesmo sabendo que esse enredo é próprio para um teatro e não um livro na realidade. Pode ser um desdobramento do Universo Harry Potter, mais para um spin-off do que exatamente uma continuação. Mas calma, Potterhead!! Essa é a humilde opinião de mais uma Potterhead nesse mundo. É um livro que todos os fãs vão gostar de qualquer maneira. Agora se o enredo vai satisfazer ou não, fica a critério de cada um.

Sinopse Oficial

Sempre foi difícil ser Harry Potter e não é mais fácil agora que ele é um sobrecarregado funcionário do Ministério da Magia, marido e pai de três crianças em idade escolar. Enquanto Harry lida com um passado que se recusa a ficar para trás, seu filho mais novo, Alvo, deve lutar com o peso de um legado de família que ele nunca quis. À medida que passado e presente se fundem de forma ameaçadora, ambos, pai e filho, aprendem uma incômoda verdade: às vezes as trevas vêm de lugares inesperados.

Ficha Técnica

Harry Potter e a Criança Amaldiçoada
Autora: J.K. Rowling
ISBN-13: 9788532530431
ISBN-10: 8532530435
Ano: 2016 / Páginas: 352
Idioma: português
Editora: Rocco