
As kegadols incorporam o sentido mais obscuro da estética kawaii. Numa tradução literal, o termo significa “ídolo ferido”. As adeptas desse estilo são garotas que são fotografadas usando bandagens, ataduras e, geralmente, tapa-olho.
A moda kegadol surgiu como uma dissidência do estilo gothic lolita, sendo posteriormente muito difundida entre os fãs de mangás e animes. As kegadols, compõem um grupo que se assemelha às mask-musume, garotas que usam máscaras cirúrgicas e as megane-moe, meninas que usam óculos gigantescos. O apelo dos três estilos citados busca de encobrir o rosto e mostrar um corpo fragilizado, enfatizando a necessidade de ser protegido. Dentre todas as três vertentes, a versão kegadol apresenta-se como a mais radical.
O estilo se popularizou devido ao grande sucesso da personagem Ayanami Rei do anime Neon Genesis Evangelion, em 1995. Ayanami é uma personagem calada, dócil e objetiva, que por diversas vezes aparece machucada, ostentando diversos curativos em seu corpo delicado. A partir daí, muitos outros animes começaram a fazer uso dessa estética, que chegou ao Ocidente através do filme Kill Bill do diretor Quentin Tarantino, em 2003.
As kegadols são figuras submissas, desprotegidas e com um grande apelo erotizado. No Japão o estilo é considerado um fetiche, contando com publicações de livros e revistas onde ídolos do público juvenil aparecem ostentando as bandagens das kegadols.
No Brasil, o estilo ainda é considerado um tanto quanto marginal, até mesmo entre os apreciadores de cultura pop japonesa. Poucas garotas se identificam como kegadols, e destas, nenhuma se dispôs as responder nenhum questionário ou entrevista. Na única resposta que obtive o lado mais perverso e assustador do kawaii se mostrou: “nós não fomos feitas para falar, fomos feitas para sermos vistas”.
Minha conclusão:
O estilo fofinho e adorável do Japão rompeu fronteiras, chegou no Ocidente e hoje pode ser encontrado em praticamente todos os locais do mundo onde a cultura pop japonesa tenha alguns pelos: locais onde mangás são publicados, animes são exibidos na televisão ou onde a internet tenha propiciado contato com o fantástico Cool Japan.
Dessa forma, garotas do mundo inteiro experienciam os conceitos do kawaii. Algumas de maneira superficial, outras o assumindo como um estilo de vida. Lolitas e maids permeiam convenções e eventos antes dominados apenas por cosplayers enquanto kegadols fazem da internet o seu palco.
Identidades são construídas e ideologias manifestadas através dessas formas de vestuário e comportamento. Ser positiva ou negativa, a experiência brasileira ainda é jovem demais para ser julgada. Todavia, como uma pesquisadora preocupada com questões relacionadas ao feminismo e estudos de gênero, esse mundo cor de rosa, dócil e frágil que muitas meninas e muitas pessoas ainda desconhecem por tanto vale muito apena fazer uma pesquisa sobre o modelo que cada um queira usar fica minha dica e beijos <3