
Nossa primeira coleção de nacionais começou quando compramos o livro “Os Sete” de André Vianco e aí nasceu nossa paixão por esse autor, lembro que Érico estava na vibe, por te lido “O Senhor dos Anéis” e “Harry Potter”, o livro chamou a atenção dele e assim surgiu a admiração dele pelo autor nacional.
Érico devorou esse livro, adorou a dinâmica do Vianco, suas descrições, as riquezas poéticas do livro com um tema que ele tanto curtia, já que “Os Sete” se trata de um livro sobrenatural que conta a história de vampiros portugueses que foram presos em uma caixa de prata, jogados no oceano e são encontrados por mergulhadores locais um tantão de anos depois.
Com esse amor recém descoberto, Érico se viu tentado em comprar a continuação e qualquer outra história que Vianco tivesse publicado, e aí veio “Sétimo” e “O Senhor da Chuva” (o favorito do Érico).
Mozão falava tanto desse autor que me vi curiosa e não aguentei e li “Os Sete”. Lembro que nessa época trabalhava no cinema e lia uma página ou outra entre os intervalos das sessões. Até uma amiga minha da época, que trabalhava junto comigo na bilheteria, coloquei pra ler para mim enquanto eu atendia, tal era o meu desespero pra ouvir o desenrolar da história.
E assim meu amor por Vianco também cresceu. Nesse meio tempo, Érico já tinha lido “Sétimo” e “O Senhor da Chuva”. Falava deles com uma empolgação tamanha que era impossível não querer ler. Coisa que fiz assim que terminei “Os Sete”.
Nessa época nem sonhávamos em ter nosso site com resenhas, nem sabia que ocorria eventos para promover os autores, por isso conhecer Vianco era algo tão impossível quanto conhecer um autor internacional. Faz mais de 10 anos que somos fã de André Vianco.
A coleção foi crescendo, e com isso veio minha trilogia favorita: “Bento”.
Extraordinário, Impactante, Marcante, essas foram as sensações que tive quanto li Bento. Tomei um carinho tamanho por essa série que divulgava pra quem gostava de ler e pra quem não curtia também. Enquanto Érico continuava no mundo dos Vampiros Portugueses e esperava loucamente por uma continuação, eu me deliciava com esse mundo pós apocalíptico, de bestas insanas que tomaram conta do mundo fazendo a população viver em lugares pequenos e protegidos e a temerem a noite desesperadamente.
Érico empenhado em aumentar o meu amor ou querer compartilhar, pois na época ninguém do nosso meio social lia, me cantava com os livros “Sementes no Gelo” (Maravilhoso) e “A Casa”.
Liamos outras coisas na época também, mas autor nacional era o único, não por preconceito nem nada do tipo, apenas não tínhamos a informação.
“Vampiro Rei 1” e “Vampiro Rei 2” veio para chacoalhar minha vida, eu passei momentos maravilhosos e tensos com os dois livros e repito, é minha trilogia favorita. “O Turno da Noite” veio a seguir e Érico quase pirou de felicidade.
Lembro que comprou um volume único que continha os três livros e eu achava mega desconfortável ler e carregar aquele trambolho para cima e para baixo, mas o amor nos faz fazer loucuras não é mesmo?
Saiu a HQ dos Vampiros portugueses, “Vampiro do Rio Douro volume 1 e 2” e lógico que compramos né? São lindos e de capa dura e tenho mais ciúmes deles do que do Mozão e tenho a leve desconfiança que isso se aplica ao Érico também.
“O Caminho do Poço das Lágrimas” veio pra assolar meu coração, livro profundo. Meu Deus que obra triste. Quando entendi o significado da história chorei tanto, pior que bezerro desmamado.
Maravilhoso. Especial. Tocante.
“O Caso Laura” e HQ “O Turno da Noite: Escuridão Eterna” entraram igualmente pra família, aumentando assim nossa coleção. Nem preciso dizer que esses também foram devorados como se não houvesse amanhã não é?
Ainda nem tínhamos conhecido André Vianco, só o que sabíamos era o que catávamos da internet. O sonho parecia distante, mesmo indo a Bienal do Rio e sabendo que ele tinha sessões de autógrafos, ainda era muito difícil para alguém como nós com dificuldades financeiras e com criança pequena. O sonho foi deixado de lado, para um melhor momento.
“Crônicas do Fim do Mundo volume 1: A Noite Maldita” veio pra detonar minha cabeça, lembro de ficar gritando enquanto encarava a capa nas mãos e pulava feito uma louca e Mozão gargalhava pois entendia completamente o que eu estava sentindo.
A história que eu mais gostava, Vianco tinha feito uma continuação. Bem não uma continuação, uma explicação do que tinha acontecido.
Lembro de cada momento que passei lendo esse livro. As surpresas, as tensões, os surtos, a raiva, a alegria, o reconhecimento e nostalgia de encontrar alguns personagens. Caramba foi tão bom que se pudesse, apagava esse momento só para vivê-lo novamente.
Quando terminei, recordo de ter chorado no silencio da minha sala, de madrugada horário que mais curto ler, pois estava feliz. A Saudade tinha sido saciada.
2015 ano da Bienal do Rio e ano também que o Casal Aficcionado nasceu. Estávamos nós dois lá, primeiro dia, deslumbrados, pois era a primeira Bienal que iríamos trabalhar em nome do nosso site e eis que Érico começa a gaguejar e apontar para um dos lados de conexão entre os pavilhões.
Direcionei meus olhos para onde ele apontava e vi quem vinha todo despreocupado, com sua família, segurando um jornal, ainda tentando se achar.
André Vianco estava ali há menos de dez passos da gente. Érico olhava para mim e para André com os olhos esbugalhados e repetindo completamente em choque:
– O que eu faço Ara?
Ele estava tão nervoso, suas mãos tremiam e sua câmera quase foi ao chão. Sua câmera, seu objeto de trabalho. Percebi ali o quanto sua admiração por aquele autor era grande. Érico não curtia ou gostava do trabalho de Vianco. Ele amava, era apaixonado, admirava pra valer.
Com o meu encorajamento que saiu meio que:
– Vai lá amor, corre!
Érico me deixou com um monte de equipamentos, mochila para realizar um de seus sonhos. Eu vi de longe ele gesticular e apontar, os olhos brilhando, o sorriso na face, a alegria quando Vianco o abraçou e apertou sua mão agradecendo o carinho.
Me aproximei meio acanhada, também nervosa mas não querendo quebrar aquele momento e ri quando Mozão pediu pra tirar uma foto com o seu autor favorito.
Agora a pergunta que não quer calar, e você Ara tirou foto com o Vianco também? E a resposta pra essa pergunta é:
Pergunte se o Érico lembrou da minha pessoa?
Não! Kkkkk – Sim isso mesmo! Mozão ficou tão chocando com tudo que assim que tirei a foto e ele se despediu de Vianco, simplesmente me deu as costas e saiu andando me deixando com cara de taxo, olhando o autor indo embora sem ter a oportunidade de tirar minha fotinha.
Mas mesmo ficando triste, eu fiquei feliz por ele e ri muito da sua cara embasbacada com tudo que tinha acontecido.
Nesse mesmo ano, Vianco lançou “Estrela do Amanhã” e fez sua sessão de autógrafos aqui no Rio, numa feira literária onde deu uma palestra muito boa onde tivemos a honra de assistir.
No final nos dirigimos para a fila e aguardamos ansiosos por nosso momento com ele. Eu mais nervosa que qualquer coisa, segurava meu “A Noite Maldita” enquanto Érico segurava os outros que levamos pra autografar, além é claro do lançamento.
Quando chegou nossa vez minha voz embolou e meus olhos embaçaram, não consegui dizer coisa com coisa e o que saiu foi:
– Tenho todos seus livros, eu adoro você.
Nunca vou me esquecer o que aconteceu a seguir. André levantou, sorriu e abriu os braços. E falou com ternura:
– Muito obrigada querida pelo carinho.
Vianco autografou meus livros e ainda brincou com o Érico quando ele comentou que tinha visto André na Bienal no primeiro dia passeando com a família.
– É claro que me lembro de você, adorei conhece-lo. Estava com uma camisa preta não é?
Cara, Vianco se lembrava da gente? A minha alegria não podia ser mensurada nesse momento, era algo fora do normal.
Saímos de lá flutuantes. Realizados.
André Vianco é um autor Nacional que respeitamos, admiramos e que teve um grande simbolismo em nossas vidas. Pois foi graça a ele que o amor pela leitura enraizou e nos possibilitou assim conhecer outros autores nacionais e lhes dar o devido crédito.
O momento foi tão marcante que mereceu uma tirinha!
E qual foi o primeiro autor nacional que vocês leram? Me contem, estou curiosa!
Gente, amei a tirinha no final! Hahahaha Quero muito ler os livros desse autor!
Leia amore, você não sabe o que está perdendo.
Amei a matéria! O André é uma grande inspiração para todos nós!
Obrigada amore. Ele é.